domingo, 1 de junho de 2014

Escreve!



Sabe,
Quando comecei a ler livros e a me interessar por poesia, por literatura em geral, fui habituada, como a maioria de nós, a ver os escritores como deuses inatingíveis, insuperáveis, intocáveis. Tão grandes eram que a nós cabia somente contemplar a beleza ou perfeição de suas obras.
Obviamente eu amo e contemplo vários desses “monstros” da literatura. Gênios. Fantásticos. Mas... Nas incontáveis e nada esporádicas viagens para fora das aulas de literatura e redação, eu pensava: será que aqui, nesta sala, existe algum futuro grande escritor ou escritora? Será que escrever é tão raro e inacessível que isso não pode brotar de um de nós aqui, meros alunos? 
Esse questionamento me acompanha desde então. E junto com ele caminha a descoberta mais bonita da minha vida: a de que a POESIA é um sentimento, uma MOTIVAÇÃO, e o tal do POEMA é o TEXTO (quaisquer que sejam as formas por ele assumidas). Esse, claro, é um entre mil conceitos. Mas é o que me afetou, atingiu-me, flertou comigo, apropriou-se de mim, deste coração.
Feita essa descoberta, abre-se um espectro de possibilidades, de leituras do mundo, de nós e dos outros. E é exatamente nessas possibilidades que o escrever acontece, porque existe a MOTIVAÇÃO.
Não sou um “monstro” da literatura, nem pretendo sê-lo. Mas sou poeta. E também quero ser poesia. Viva. Enxergo poesia em cada um(a) que passa por mim. Vejo poesia em cada um que diz “não sei escrever”. Todos sabemos. Posso garantir que sim.
Quando dizem que eu deveria escrever mais, eu concordo. Deveria mesmo. Especialmente porque me faz um enorme bem. E quando esse bem transcende aos outros, quando ouço um “seu texto me fez bem”, “seu texto falou ao meu coração”, é lindo. É suficiente.
A poesia é uma motivação escondida em cada um(a) de nós. O texto, no entanto, em suas infinitas formas e possibilidades, é uma DECISÃO.
Abaixo, um poema de minha autoria, escrito num guardanapo, num dia chuvoso e regado de amigos em Belo Horizonte, no dia 8 de dezembro de 2008, em que reflito um pouco sobre essa DECISÃO:

Porque sou poeta

Eu não sei de onde vêm os sonhos
Não entendo muito sobre mistérios
Sei apenas sentí-los:
Doce essência
Que só conheço por viver.

Presença afável do Infinito
Que se revela em cada linha
Que desenho, percorro, movo, páro, desejo.
Caminhos...

Porque sou poeta, canto
Porque sou poeta, a cada minuto
Desejo, sincero,
Tocar a beleza das coisas...

Porque sou poeta, sou prece
Que a prece realize dentro de mim
E no mundo toda mudança necessária.

Porque sou poeta, amo:
Tudo aquilo que, de dentro de mim,
Exala ternura que vai ao outro
E volta para mim...

Só sonho porque assim sou
Porque a verdade
É capaz de me libertar
Porque a razão 
É capaz de clarear
Porque a vida
Me faz viver.

Amo em tudo quanto faço, 
sofro, 
luto,
vibro,
celebro.
VIVO!