segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A falta que Deus me faz.



  
O único jeito de rezar é cantar. E a única coisa que me eleva a Deus é a arte. Então, eu ando, por esses dias, meio atéia.


(Eu)


Sem mais palavras.
Preciso de traços.
De melodias.
De cordas novas pro meu violão.
De lágrimas de onde jorrem canções.


Preciso rezar.

domingo, 5 de setembro de 2010

Das reticências necessárias.

Aham, é muito bom ver que os blogs estão novamente (quase) em alta. Porque eu descobri esse mundo cyber blogando. E porque fiz amigos de quem eu nunca mais desgrudo blogando.
Eu nem sou pesquisadora do cyberespaço, principalmente porque vivo muito nele ou, melhor: eu protagonizo minha história também nele. Pra pesquisá-lo eu teria que – de forma antropologicamente necessária, aquele esforço do etnógrafo – afastar-me. Por não me sentir disposta (risos), eu faço observações e generalizações, induções e deduções sem me preocupar muito se isso é estatisticamente provável.
No início dessa história cyber, éramos os blogs. Semanalmente, religiosamente – quase, postávamos nossas lágrimas ou risos, histórias, contos, poemas... E a gente se entendia por essa linguagem. Começamos a nos comunicar pelo IRC. Quem lembra? Conversas coletivas nos #canais e “segredinhos” no PVT. O MSN começou a ganhar espaço e a individualizar, cada vez mais, as nossas conversas. O Orkut, concomitantemente ao MSN, passou a tornar os pequenos parágrafos as formas mais “próximas” de comunicação. Vez ou outra, surgia um depoimento, um texto maior. Mas os scrapbooks sintetizavam as tentativas de estabelecer um diálogo mais duradouro. Resolver problemas relacionais? Aí sim, novamente, o MSN. Veio o Twitter – o que para mim é uma rede fantástica, escalafobética, mas cheia de defeitos – e aí você segue pessoas desconhecidas ou nacional/mundialmente conhecidas, “retwitta”, responde, ainda de forma mais sintética. Temos que abreviar boa parte das palavras se quisermos dizer algo de forma mais “profunda”, porque nem sempre o sintético é eficaz, ele é apenas eficiente.
Sinceramente, eu me “desesperei” quando pensei na possibilidade de não mais escrever textos mais longos com meus amigos... (Ai, to me sentindo ridícula falando isso! Mas é o que eu percebo. Então que se lasque se está ridículo.) Mas... Hoje há um retorno da necessidade de falar mais, escrever mais, talvez pensar mais, porque somos seres redundantes e precisamos das reticências que não cabem em nossas apnéias e que não cabem em 120 caracteres.
Não abreviar as palavras é, quem sabe, estender as relações. Ou simplesmente pensar mais no que falar, e ter a possibilidade de falar mais sobre o que pensamos. É como a diferença entre um aperto de mão e um abraço.
Dos meus amigos eu espero o abraço. Espero a oportunidade e possibilidade de vê-los falar mais, e assim estender as relações, as reticências, as redundâncias, o “exagero”, as exceções e tudo o mais.
Agora vou tomar um remedinho, porque a enxaqueca não me deixa.