domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nascer...

Há mais ou menos 2 semanas um passarinho vem me visitar à noite. De verdade. Entra sempre pela janela da sala e vai voando até o meu quarto e volta. Eu até hoje não sei se é beija-flor, rolinha, pardal, não sei... Mas ele me causa um susto interessante. Talvez tenha feito um ninho em algum lugar na varanda, perto da cozinha, na árvore.

Acho bonito, belo e delicado a forma como ele estabeleceu uma fidelidade em relação à casa. Tem várias casas aqui para ele ir, mas vem aqui, na minha casa... E fico a pensar que isso é um convite à minha mente atualmente poeticamente vazia. Minha meta de escrever um poema por dia está furada há muito tempo. Ninguém tirou minha inspiração mas, confesso: as tantas poesias que eu escrevia me tiravam – às vezes – os pés do chão. Eu vivia mesmo nomundodalua.

Quando entrei na faculdade, a ciência social me convidou a estar um pouco mais longe da poesia e me aproximar da teoria. Foi o que fiz, substancialmente. Mas nada disso, no entanto, tirou-me o romantismo, os sonhos, a delicadeza e a leveza de ser poesia viva, em minha vida e na vida dos outros.

A poesia é o convite diário para escrever a beleza de cada vida, de cada ser, de cada novo. Poesia é “nascer para a eterna novidade do mundo” (Pessoa, F.), e eu quero nascer a cada dia, na poesia.

Nascer...

No gesto das mãos de acolhida

No olhar que dirijo ao horizonte, ao Belo Horizonte e aos belos horizontes

Nas gotas em flor.

Nascer...

Em cada esquina em que mora um sonho

No vento que carrega os cabelos

No abraço amigo.

Nascer...

Para a eterna novidade,

Até que tudo seja não morte

Mas, de novo, nascimento.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CARNAVAL - é tudo nosso!

Carnaval, festa que dispensa definições verbais. Independente dos meus gostos pessoais – eu não gosto, desde criança – tenho que admitir que, de uns anos pra cá, tenho me sentido um pouco menos mal humorada quando é esse o assunto ou quando a data se aproxima. Por quê? Não sei exatamente, mas mudou especialmente depois que tive a oportunidade de ouvir o Gilmar Rocha (antropólogo) falar sobre isso.

Como eu nasci no estado do Rio de Janeiro, seria natural viver essa “festa” ou festa (ok), sem aspas. Mas... Por algum motivo maior, que eu mesma não entendo, desde criança eu não me sentia à vontade, não ficava torcendo pra chegar o carnaval.

Não vejo – nem nunca vi – o carnaval ter aquele sentido de “festa antes da quaresma”, porque a quaresma (para os católicos) é um tempo de penitência, reflexão, recolhimento. Depois da quarta-feira de cinzas, os hábitos permanecem os mesmos para grande parcela da população brasileira. Então há que se questionar o sentido do carnaval como um rito de passagem para a Quaresma, que só acontece para os católicos que assumem isso, e olhe lá.

Para o brasileiro, impera a máxima de que “o ano só começa DEPOIS do carnaval”. Para além das fantasias, dos abadás, dos blocos, escolas de samba (que é o que eu de fato admiro, amo a Portela), do povo na Bahia, em Minas, São Paulo e em tantos lugares do Brasil, o carnaval constitui o palco de um fenômeno social poucas vezes presenciado por nós, sujeitos da história: é o momento em que, como cantava Clara Nunes, “as pastoras e os pastores vem chegando da cidade na favela”. As populações se misturam se apropriam, por alguns dias, do sentimento de nação, esse sentimento que, aqui no Brasil, infelizmente, é desordenado ou é fragmentado. Classes sociais convivem “harmoniosamente” nos mesmos espaços, dançam, gritam, “esbaldam”-se. É uma diversão, uma inversão da ordem vigente, e é radical...

“É tudo nosso”! Não haveria melhor jargão!

P.S.: um pouco de preguiça em escrever... E sono também. Então me perdoem se o texto está sem terminar. (risos)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Mais uma vez, um blog!

Eu decidi voltar a escrever publicamente. Isso, não necessariamente para expor minha vida. Mas pra exercitar a escrita como instrumento de comunicação, interlocução, loucura, devaneio, encontro, sutileza e tudo aquilo que a gente consegue sentir...

“Abandonei” meus antigos blogs. Pelo menos por enquanto, não postarei por lá. Isso é pra ajudar a dar sentido às fases pelas quais vamos (vou) passando.

Só espero não perder o prazer de escrever e, com isso, espero continuar sabendo como dar ao leitor o sabor de uma leitura agradável!

É pra falar de amor, de gente, do mundo, de antropologia, de balaio de gato! Uma colcha de retalhos, tecidos e acontecimentos dos quais somos feitos.

Estão todos convidados à Aventura Antropológica que é a vida!

Vamos costurando... Ah, e escrevendo... Também!