terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CARNAVAL - é tudo nosso!

Carnaval, festa que dispensa definições verbais. Independente dos meus gostos pessoais – eu não gosto, desde criança – tenho que admitir que, de uns anos pra cá, tenho me sentido um pouco menos mal humorada quando é esse o assunto ou quando a data se aproxima. Por quê? Não sei exatamente, mas mudou especialmente depois que tive a oportunidade de ouvir o Gilmar Rocha (antropólogo) falar sobre isso.

Como eu nasci no estado do Rio de Janeiro, seria natural viver essa “festa” ou festa (ok), sem aspas. Mas... Por algum motivo maior, que eu mesma não entendo, desde criança eu não me sentia à vontade, não ficava torcendo pra chegar o carnaval.

Não vejo – nem nunca vi – o carnaval ter aquele sentido de “festa antes da quaresma”, porque a quaresma (para os católicos) é um tempo de penitência, reflexão, recolhimento. Depois da quarta-feira de cinzas, os hábitos permanecem os mesmos para grande parcela da população brasileira. Então há que se questionar o sentido do carnaval como um rito de passagem para a Quaresma, que só acontece para os católicos que assumem isso, e olhe lá.

Para o brasileiro, impera a máxima de que “o ano só começa DEPOIS do carnaval”. Para além das fantasias, dos abadás, dos blocos, escolas de samba (que é o que eu de fato admiro, amo a Portela), do povo na Bahia, em Minas, São Paulo e em tantos lugares do Brasil, o carnaval constitui o palco de um fenômeno social poucas vezes presenciado por nós, sujeitos da história: é o momento em que, como cantava Clara Nunes, “as pastoras e os pastores vem chegando da cidade na favela”. As populações se misturam se apropriam, por alguns dias, do sentimento de nação, esse sentimento que, aqui no Brasil, infelizmente, é desordenado ou é fragmentado. Classes sociais convivem “harmoniosamente” nos mesmos espaços, dançam, gritam, “esbaldam”-se. É uma diversão, uma inversão da ordem vigente, e é radical...

“É tudo nosso”! Não haveria melhor jargão!

P.S.: um pouco de preguiça em escrever... E sono também. Então me perdoem se o texto está sem terminar. (risos)

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