domingo, 18 de julho de 2010

Acordei de um sonho estranho...

Tocando “Pátria Minas” aqui na TV... Comento? Não, né... Reticências costumam dar a ideia de que não se quer falar, mas as minhas falam muito. E por isso eu tenho um ar de “cheia de mistérios...”

É estranho que se diga “eu estou com preguiça de escrever”. Eu às vezes digo; é o caso de hoje. Eu não sei por que, exatamente, se diz isso. Mas fico a imaginar. Talvez seja porque, na grande maioria das horas, esperamos escrever coisas bonitas, cheias de vida, amores, canções bonitas, e quando não estamos pra “bonitezas”, pensamos que não existe poesia. Mas a nós cabe lembrar que a poesia é de vida e é de morte. É como a morte que percorre o corpo e o espírito quando canto... E quando eu canto eu morro e ressuscito. Eu não consigo viver sem poesia, não consigo viver sem destrinchar versos, rasgando a pele, rasgando a voz.

Existem épocas em que nos esgotamos emocionalmente. É preciso tirar forças e energia do corpo todo para ficarmos em pé (no sentido mais amplo)... É a estranha sensação de cansaço físico, mental, emocional e, no meu caso, afetivo.

Histórias ocultas, sem ofensores nem ofendidos, são sempre elas. Tudo o que é oculto tem um tom de obscuridade. Uma coisa boa pode estar oculta, mas até que ela se revele, e não seja mais oculta, ela é obscura. Só que existem coisas que permanecem no lado obscuro. Ou coisas que se revelaram iluminadas e nós as abafamos numa caixa escura, no medo de arriscar. E daí surgem as indigestões. O que se passa aqui comigo é uma indigestão aguda. Logo, eu espero ou digerir ou – com o perdão da palavra – vomitar tudo isso, todo esse incômodo, essa vontade de sumir e dar sumiço em algumas coisas.

Há pétalas da roseira que eu sou por toda a parte... Deu um vento na roseira. E eu vou, devagar, sigo com o sol, vou catando pétalas por aí... E em algum lugar, eu juntarei esse todo espalhado e farei o mosaico-pintura mais bonito, merecedor de um sorriso tranquilo, sereno, feliz. E só então hei de reconhecer e me deixar ser conhecida por alguém que tenha nas mãos o sol da manhã.

Por fim, a poesia me falta, mas é comigo. E sou eu.
A poesia é uma forma de viver, é um viver-vivendo, um devir, um sempre vir-a-ser, por isso as poesias nunca estão prontas, e quem se faz poesia nunca é um todo elaborado e coerente, que é o que eu não quero ser nem vou conseguir, se escolhesse ser...

Sou Poesia.


Tudo há.


Eu decidi subeverter
Transformar todo ponto em discrepância
Todo verbo em vida
Todo incenso em flor.
Todo octógono agora é círculo
E todo cubo é bola
Giram e rodam os sentidos das linhas retas.
Fiz do fogo o descanso
Da tensão... fiz cansaço!
Que a água arde e queima
E transforma na voz o estilhaço.
Do sorriso faço brisa
Do carinho das mãos faço des... alento!
Do pó à massa, passo e junto 
Cada tudo de mim
Espalhado por aí.
Feio me soa belo
E até onde alcançam os sentidos de outrem
Encho todos os cantos
Do vigor da poesia que consome e faz viver.
Afinal,
Quanto de mim há em tudo?
E quanto de tudo há em mim?

Poesia escrita por mim em 08/08/08

2 comentários:

  1. Melzinha, linda.. eu acho Très Chic uma receita super elaborada, mas o arroz com feijão me cai tão bem.
    =D
    Felicidade se encontra em horinhas de descuido, já dizia o poeta Guimarães Rosa.

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  2. Suas palavras caem sobre o papel como que uma síntese da armonia com a dialética. Materialidade e Metafísica... Vc combina paradoxos, em suma, amiga; vc é simplesmente: TALENTO!

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